Sendo o instinto o guia e as paixões a
energia das almas no primeiro período do seu desenvolvimento,
confundem-se às vezes nos seus afectos.
Há no entanto entre estes dois princípios diferenças que é
essencial considerarmos.
O instinto é um guia seguro, sempre bom; numa
determinada altura, pode tornar-se inútil, mas nunca prejudicial; enfraquece
com a predominância da inteligência.
As paixões, nos primeiros anos da alma, têm isto de comum
com o instinto, no que os seres são para isso solicitados por uma força igualmente
inconsciente.
Nascem mais particularmente das necessidades do corpo e
estão mais ligadas ao organismo do que o instinto.
O que sobretudo as distingue do instinto é que são
individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais uniformes; pelo
contrário, vemo-las variar de intensidade e de natureza consoante os
indivíduos.
São úteis como estimulante até à eclosão do sentido
moral que, de um ser passivo, faz um ser racional; nesse momento, não só se
tornam inúteis como são prejudiciais à evolução do Espírito, a que retardam a
desmaterialização; enfraquecem com o desenvolvimento da razão.
O homem que agisse constantemente por instinto poderia ser
muito bom, mas deixaria a sua inteligência adormecer; seria como uma criança
que não largasse os suspensórios e não soubesse servir-se dos seus
membros. Quem não domina as suas paixões pode ser muito inteligente
mas, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto anula-se por si; as
paixões só se dominam com força de vontade.
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias
Segundo o Espiritismo – Capítulo III, O BEM E O MAL, O instinto e a
inteligência, números 18 e 19, fragmento. Tradução portuguesa de Maria Manuel
Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem: Linnocence, pintura de William-Adolphe
Bouguereau)
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