segunda-feira, 17 de outubro de 2022

apóstolos de verdade ~


“Nada há encoberto que não venha a ser descoberto” (Lucas 12:2). 

Elaborar a apresentação desta obra é uma honra. Trata-se de histórica homenagem à maior pena espírita de todos os tempos, por ocasião dos trinta anos de seu passamento. Com muita felicidade e propriedade, o querido mentor espiritual Emmanuel diz ser José Herculano Pires “o metro que melhor mediu Kardec” e “a maior inteligência espírita contemporânea”. De facto, ninguém conseguiu, com tanta maestria e segurança, ser tão profundo no contexto doutrinário, em perfeita sintonia com Jesus e o codificador do Espiritismo, como J. Herculano Pires, “O Apóstolo de Kardec”, assim denominado com máxima justiça por seu amigo e biógrafo Jorge Rizzini

Dotado de incomparável cultura geral e doutrinária, Herculano destaca-se no Jornalismo, na Filosofia e na Parapsicologia. Exímio escritor, poeta e romancista. Emérito educador e fiel tradutor da codificação kardeciana, dedicou quase toda a sua vida à excelsa doutrina, por ele muito amada, o que o tornou seu grande intérprete e defensor. 

Distanciados desse “metro”, alguns irmãos espíritas, infelizmente, fazem ouvidos moucos a devidas advertências em face da intromissão de pensamentos divergentes no nosso meio doutrinário. Claro que todos têm o direito de manifestar seus os pontos de vista. Mas uma coisa é respeitar o pensamento alheio, outra, completamente diferente, é concordar com a tentativa de desfiguração de uma doutrina, como poucas, muito bem nascida. Pode-se até tolerar, porém jamais convir com qualquer ingerência descabida no pensamento espiritista. Aliás, a grande missão do espírita hodierno, singularmente encarnada por J. Herculano Pires, é preservar para as gerações seguintes o inigualável património intelecto-moral codificado por Allan Kardec

A grandiosa obra de amor e de redenção realizada pelo codificador da doutrina espírita não pode ser maculada, directa ou indirectamente, de forma ostensiva ou não. Aquele que, em pretéritas existências, já se revelara destemido e valoroso, personificando um dos mais sapientes sacerdotes celtas (druidas) e, igualmente, o aguerrido reformador religioso John Huss, assassinado pela Inquisição em 1415, tem credenciais inatas para inaugurar a Era do Espírito, sistematizando a doutrina profetizada pelo Cristo, quando este nos prometeu enviar o Consolador. (Cf. João 14, 15 e 16.) 

Muito cómodo é estar na faixa da indiferença; todavia, a voz da consciência soará mais alto na dimensão extrafísica, no momento do autojulgamento, na hora de o ser se encontrar diante de si mesmo... 

A doutrina rustenista, oriunda do livro Os Quatro Evangelhos (Federação Espírita Brasileira), ao lado da ubaldiana, da laicista pan-americana e da ramatisista, embora tenham o propósito de macular o Espiritismo, afiguram-se inofensivas à opinião desavisada de alguns profitentes da Terceira Revelação. Em vez de se informarem sobre tais ideários, verificando os seus ensinos aberrantes, e em seguida participarem dos debates abertos, situam-se na inércia, optando por “ficar em cima do muro”. É que assim estarão sempre “de bem”, poderão frequentar todos os círculos, sem se comprometerem. Alegam vivenciar, desse modo, a caridade, ser fraternos. Mas, em verdade, desconsideram a doutrina espírita e até os ensinos do Cristo, os quais repelem o comodismo dos “lobos fingindo-se de ovelhas” e a “paz de pantanal”. 

O nosso querido Herculano Pires, agindo como verdadeiro cristão, enfrentou com galhardia todos os adversários da luz. Não se omitiu em nenhum momento, mesmo quando as palavras malsãs eram proferidas por amigos. Conhecia muito bem os ensinos de Jesus e exercitava-os com afinco. Compreendia por demais a profundidade da doutrina cristã e a necessidade de preservá-la; por isso, não fugia à luta, em nome da integridade e pureza do Cristianismo, ressuscitado pelo próprio Jesus, na companhia dos “anjos do céu” e, na Terra, erguida sob os cuidados daquela mente grandiosa, encarnada na cidade francesa de Lyon, em 3 de Outubro de 1804: Hippolyte Léon Denisard Rivail

J. Herculano Pires estava ciente do alcance do episódio do Apocalipse em que Jesus abomina a inércia no exercício da religiosidade: “Conheço as tuas obras, que nem és frio, nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente! Assim, porque és morno, nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (3:15-16). 

E eis aqui outros ensinos de Jesus contrários à falta de acção: 

“Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque o remendo tira parte do vestido, e fica maior a rotura”; “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte”; “Ninguém pode servir a dois senhores; porque há de aborrecer-se de um e amar ao outro. (Mateus 9:16; 5:13-14 e 6:24.) 

Infelizmente, existem espíritas que se mostram em posição de suposta neutralidade... Algumas vezes, a tolerância excessiva mascara outra apresentação, veste outro significado: a hipocrisia. Verifica-se então o fingimento, a impostura, a simulação dentro do contexto religioso. O Mestre nos alerta: 

Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido. Porque tudo o que dissestes às escuras, será ouvido em plena luz; e o que dissestes aos ouvidos, no interior da casa, será proclamado dos eirados. (Lucas 12:1-3.) 

A união dos espíritas não pode ser imaginária, forçada, fingida. Os que seguem Kardec, diante de conceitos anti-doutrinários, não podem ficar quietos e calados, em nome de uma falsa tolerância ou unidade aparente, voltada tão só a proveitos próprios. Por se haver conservado imune a tudo isso, Herculano merece de todos os seguidores do Espírito de Verdade o devido respeito, numa muito sincera consideração; trata-se de exemplo a ser sempre recordado e com máximo empenho vivido, donde ser para nós matéria estatutária: 

Art. 4.º [...] Parágrafo único. Para inspirá-la à consecução de sua finalidade, a ADE-RJ adoptará como referência a vida e a obra do jornalista, professor, escritor e filósofo José Herculano Pires (1914-1979), cuja memória homenageará todos os anos, em setembro, assim como a de Allan Kardec, em outubro. 

Congratulo-me com a ADE-RJ e com o estimado e corajoso Sergio F. Aleixo pela feitura de tão dignificante obra, fundamental para a implementação de uma nova postura a ser exercitada pelas futuras gerações de espíritas, em homenagem àquele que por excelência a antecipou: o maior defensor da integridade e pureza doutrinária do Espiritismo, vindo a esta dimensão em 1914, na antiga Província do Rio Novo, hoje a cidade de Avaré, no interior do Estado de São Paulo, e liberto daquela vida física em 1979, na Capital: José Herculano Pires, que reverenciamos com esta publicação. 


/... 


Américo Domingos Nunes Filho, in Prefácio à obra de Sergio F. Aleixo – O METRO QUE MELHOR MEDIU KARDEC JOSÉ HERCULANO PIRES, UMA PROFISSÃO DE FÉ ESPÍRITA EM LINHA RETA, fragmento solto desta obra. 
(imagem de contextualização: São Luís com a coroa de espinhos, desenho de Alexandre Cabanel)

sábado, 8 de outubro de 2022

O Génio Céltico e o Mundo Invisível ~


O País de Gales. A Escócia. A obra dos bardos.
(II de III)

Os galeses, em geral, acreditavam firmemente no mundo dos espíritos e nas suas manifestações. Eles apresentam, às vezes, nomes e formas muito fantasiosas para isso. Os seus relatos deixam uma grande margem para a imaginação. Entretanto, do conjunto dos factos relatados se deduz uma série de testemunhos que não saberíamos recusar.

Por exemplo, no que se refere aos “espíritos batedores da mina”, esses seres invisíveis que, pelos seus golpes surdos, prolongados, repetidos, encorajam os mineiros e dirigem as suas pesquisas em direcção aos melhores filões; eis o relatório redigido, sobre esse assunto, pelo engenheiro Merris, homem muito estimado pelo seu saber e pela sua probidade, publicado na revista Gentleman’s Magazine:

“As pessoas que não conhecem as artes e as ciências ou o poder secreto da natureza zombarão de nós, mineiros de Cardigan, que acreditamos na existência dos “batedores”. Eles são uma espécie de génios bons, mas inapreensíveis, que não se vêem, mas se ouvem e, que parecem trabalhar nas minas, isto é, que o “batedor” é o representante ou o precursor do trabalho nas minas, como os sonhos o são de certos acidentes que acontecem.

Quando foi descoberta a mina de Esgair y Myn, os “batedores” nela trabalharam activamente, noite e dia e, um grande número de pessoas os ouviram. Mas, após a descoberta da grande mina, não foram mais ouvidos. Quando comecei a explorar as minas de Elwyn-Elwyd, os “batedores” agiram tão fortemente, durante um certo tempo, que assustaram os jovens operários. Quando removíamos as camadas de rochas, antes de chegar ao mineral, é que os ruídos se fizeram mais fortes; eles cessaram quando nós atingimos o mineral.

Sem dúvida, as nossas asserções serão discutidas. Afirmo, entretanto, que os factos são reais, mesmo que não possa nem pretenda explicá-los. Os cépticos podem rir; quanto a nós, mineiros, continuaremos a nos alegrar e a agradecer aos “batedores”, ou melhor, a Deus, que nos envia os seus conselhos.”

Os fenómenos de assombração não são raros no País de Gales. Cita-se de bom grado tal casa ou tal castelo que os conheceram e suportaram. O Sr. Le Goffic, na sua viagem a Cardiff como delegado bretão à grande Assembleia solene de 1899, recolheu uma grande série de relatos desse género, que ele publicou no seu livro L’Âme Bretonne (A Alma Bretã).

A maioria desses relatos nos parecem muito marcados de superstição. Cremos, portanto, que devemos indicar um testemunho sério, o de Lady Herbert, ilustre patriota galesa, descendente dos antigos reis “kymris”, que recebia a delegação no seu castelo de Llanover.

O Sr. Le Goffic cita a conversa que teve sobre esse assunto com essa grande dama:

“O exemplo vem do Alto. Não se diz na Inglaterra que a própria rainha tem o seu fantasma que ronda os apartamentos de Windsor? E esse fantasma, vestido de negro, não é outro senão a grande Elisabeth.

O lugar-tenente Glynn, de guarda na biblioteca, percebeu como o fantasma penetrou no quarto contíguo. Ora, esse quarto não tinha saída, mas tivera uma, outrora, durante a vida de Elisabeth e, que foi fechada depois. O lugar-tenente correu atrás do fantasma e chegou mesmo a tempo de vê-lo introduzir-se na parede. O facto se reproduziu diversas vezes e o medo foi tão grande, em Windsor, que foi preciso dobrar a guarda da noite.

Windsor tem a sua dama negra, o meu castelo de Cold Brooks tem a sua dama branca. Vós perguntais qual o sentido dessas aparições? Ora, como a igreja nos explica, são almas em sofrimento que pedem piedade dos vivos esquecidos. Os outros espectros têm a função de avisadores. É o caso, creio, da dama negra de Windsor: a sua presença anuncia sempre algum facto grave, uma guerra ou catástrofe próxima.

Os avisos, ou como vós dizeis na Bretanha, os “intersignos”, revestem todas as formas. Algumas vezes essas formas são especiais para certas famílias. Os Grey de Ruthwen são avisados da morte dos seus membros pela aparição de uma carruagem, com quatro cavalos negros.

A família Airl, quando um dos seus membros está perto da hora da morte, ouve um rufo de tambor. Num jantar, estando presente um desses Airl, alguém lhe perguntou como passatempo: “Qual é, então, o ‘intersigno’ de sua família?” – “O tambor”. E, como para atestar o facto, um rufo, surdo e velado, soou ao longe. Lord Airl empalideceu; algum tempo depois, um mensageiro veio anunciar que um dos membros de sua família estava morto.

Os Mac-Gwenlyne, descendentes do célebre clã desse nome, possuem há séculos, no norte da Escócia, o velho solar de Fairdhu: uma grande abóbada curvada lhe dá o acesso e, julga-se que a pedra que serve de base para essa abóbada começa a tremer quando um Mac-Gwenlyne vai morrer...” 

Os casos de castelos e lugares assombrados são tão numerosos na Escócia que não citamos todos. Sabe-se que esse país é a terra clássica dos videntes, dos fantasmas e dos espíritos familiares. O aspecto melancólico das suas regiões, cobertas de neblina e, das suas ruínas presta-se às visões e às evocações.

Ainda nos nossos dias, a sombra de Mary Stuart não apareceu a Lady Caithness, Duquesa de Pomar, na capela real de Holyrood, onde se alinham os túmulos dos reis da Escócia? Na sua sumptuosa casa da rua Brémontier, em Paris, em dias de reuniões psíquicas, a duquesa se comprazia em nos contar a sua palestra nocturna com a infortunada rainha.

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LÉON DENIS, O Génio Céltico e o Mundo Invisível, Primeira Parte – OS PAÍSES CÉLTICOS, CAPÍTULO III – O País de Gales. A Escócia. A obra dos bardos (II de III), 12º fragmento desta obra.
(imagem de contextualização: A Apoteose dos heróis franceses que morreram pelo seu país durante a guerra da Liberdade, OssianDesaixKléberMarceauHocheChampionnet, pintura de Anne-Louis Girodet-Trioson

sábado, 1 de outubro de 2022

O Espiritismo na Arte ~


Parte IV 

- Literatura e oratória 
- A língua francesa e a ideia espiritualista 

(Abril de 1922) 

A literatura e a oratória também são formas de arte, meios poderosos de fazer o pensamento brilhar no nosso mundo. Pode dizer-se o que Esopo (i) dizia da língua: “ela é, segundo o uso que se fizer dela, o que há de melhor ou de pior.” Sob esse ponto de vista, a França sempre teve um papel privilegiado. A clareza, a nitidez do seu idioma, ainda que mais pobre que outros em qualificativos, serviu largamente para a expansão do seu talento e a difusão das ideias generosas. São, portanto, as qualidades desse idioma que asseguram ao nosso país, ao mesmo tempo, um lugar à parte no mundo e uma alta situação no futuro. 

A nossa língua, pela sua limpidez, a sua clara compreensão das coisas, é o instrumento predestinado das grandes anunciações, das revelações augustas. As outras línguas têm o seu charme, a sua beleza, porém nenhuma consegue esclarecer melhor as inteligências, persuadir, convencer. Assim, os espíritos de elite que vierem à Terra cumprir uma missão renovadora encarnarão de preferência no nosso país e, dentre eles, os maiores de todos, a fim de que a nossa língua possa servir de veículo aos seus altos e nobres pensamentos através do mundo. A sua presença e a sua acção, dizem-nos do Além, ainda contribuirão para aumentar o prestígio e a glória da França. 

A literatura francesa sobressai principalmente na análise dos sentimentos e das paixões; ela se caracterizou sobretudo no romance, cujo tema geral é o amor sensual. Sob a influência do materialismo ávido de todos os prazeres, ela perdeu-se em contradições, assim como em prazer e, em lugar de cooperar para o enobrecimento da raça, contribuiu, a maior parte das vezes, para corromper os seus costumes e precipitar a sua decadência. A maioria dos autores do nosso tempo compraz-se em expor as suas aventuras na ostentação de um cinismo picante. Daí, em certos momentos, o descrédito da França no exterior e as medidas tomadas contra a nossa língua em inúmeros estabelecimentos de educação. Já é tempo de uma nova corrente de ideias vir inspirar a arte e a literatura francesas, com um senso mais filosófico das coisas e uma noção mais ampla do destino. Somente isso pode restituir às obras do pensamento toda a sua amplitude e a sua eficácia regeneradora. 

Sob a inspiração de colaboradores e instrutores invisíveis, essa reacção vai acentuar-se. Os escritores, os oradores, sentem-se levados pelas forças ocultas em direcção a horizontes mais puros, mais luminosos. De toda a parte surgem produções impregnadas de doutrinas amplas e elevadas. 

O pensamento francês começa a adquirir esse poder de irradiação ao qual tem direito; um dia ele atingirá as alturas que, até agora, só a música soube fazer entrever e pressentir. Ele chegará a possuir esse dom de penetração, de persuasão, essas qualidades estéticas que asseguram a sua predominância definitiva. Pode constatar-se desde agora que, sob a sua influência, o mundo latino se impregnou inteiramente das doutrinas de Allan Kardec sobre as vidas sucessivas. As obras do grande iniciador foram traduzidas em todas as línguas neolatinas. As edições espanholas e portuguesas sucedem-se rapidamente na América Central e Meridional; a ideia espiritualista penetra nos meios mais isolados, sob a forma com a qual os escritores franceses a revestiram. 

No século passado (ii), os autores de talento já haviam encontrado motivos de inspiração nos fenómenos psíquicos. Pode-se citar Balzac (iii)Alexandre Dumas (iv)Théophile Gautier (v)MicheletEdgar Quinet (vi)Jean Reynaud (vii) e muitos outros. 

O Romantismo, apesar dos seus excessos, levava a esse século, como uma onda muito grande, a noção do divino e da imortalidade; assim, os homens de 1830 e de 1848 tinham um carácter mais enérgico e uma importância mais nobre que os homens políticos da nossa época. 

O impulso romântico manifestou-se como prelúdio do grande movimento de ideias que hoje abrange toda a humanidade. De Lamartine a Hugo, até Baudelaire e Gérard de Nerval (viii), todos buscam o infinito na natureza e na vida. A noção das vidas sucessivas encontra-se em La chute d’un ange (A queda de um anjo) e em Jocelyn(ix) depois em Revenant (Voltando)Les contemplations (As contemplações)La légende des siècles (A lenda dos séculos), de Victor Hugo (x); em La vie antérieure (A vida anterior), de Baudelaire (xi), etc. 

Em obras mais recentes, certos autores de mérito, como Paul Grendel, Élie Sauvage, Dr. Wylm, etc., deram mais desenvolvimento à ideia psíquica e dela fizeram sobressair as grandes consequências. Também no exterior, Rudyar Kipling (xii), dizem, e Selma Lagerlof (xiii) introduzem a reencarnação nas suas obras. Toda uma plêiade de jovens e ardentes escritores, nem sempre avaliados, segue esses exemplos e se embrenha em caminhos ricos e fecundos. 

Os graves acontecimentos dos últimos anos criaram por toda a parte novas necessidades do espírito e do coração: a necessidade de saber, de crer, de descobrir os focos de uma luz mais viva, de fontes abundantes de consolação. A alma da França faz esforços para se libertar das opressões do materialismo. As suas profundas intuições célticas despertam e a conduzem em direcção às fronteiras espirituais onde todo um mundo invisível a chama e a atrai. 

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(i) Esopo: Fabulista grego (século VII - VI a.C.), de origem escrava, depois alforriado. É personagem meio lendária, que se representava como indivíduo feio, gago e corcunda. A reunião actual das Fábulas de Esopo, redigidas em prosa grega, é atribuída ao Monge Planúdio, no século XIV. (N.T., segundo o D.K.L.)
(ii) O autor refere-se ao século XIX. (N.T.)
(iii) Honoré de Balzac: escritor francês (Tours, 1799 - Paris, 1850). Autor de A Comédia Humana reuniu, a partir de 1842, diversas séries de romances, formando um verdadeiro afresco da sociedade francesa, da Revolução no fim da Monarquia. Alguns dos seus romances são: Gobseck, A Pele de Onagro, O Coronel Chabert, O Médico da Roça, Eugénie Grandet, O Pai Goriot, A Procura do Absoluto, O Lírio no Vale, Ilusões Perdidas e outros. Também escreveu contos e peças de teatro. (N.T., segundo o D.K.L.)
(iv) Alexandre Dumas: escritor francês (Villers-Cotterêts, 1802 - Puys, 1870). Foi o mais popular escritor da época romântica. Eis algumas de suas obras: Henrique III e sua Corte, Anthony, A Torre de Nesle, Os Três Mosqueteiros, Vinte Anos Depois, O Conde de Monte Cristo, A Rainha Margot, A Dama de Monsoreau. (N.T., segundo o D.K.L.)
(v) Théophile Gautier: poeta francês (Tarbes, 1811 - Neuilly-sur-Seine, 1872). Era partidário do romantismo, mas chegou a uma poesia mais ciosa da beleza formal: Esmaltes e Camafeus. Escreveu, entre outros, o romance Capitão Fracasso e obras de crítica literária e artística. (N.T., segundo o D.K.L.)
(vi) Edgard Quinet: historiador francês (Bourg-en-Bresse, 1803 - Paris, 1875). Filósofo idealista e ateu, historiador liberal. Obras principais: O Génio das Religiões, As Revoluções da Itália. (N.T., segundo o D.K.L.)
(vii) Jean Reynaud: filósofo e político francês, nasceu em Lyon (1806-1863). Autor de Terra e Céu. (N.T., segundo o Dictionnaire Nouveau Petit Larousse Illustré.)
(viii) Gérard Labrunie de Nerval: escritor francês (Paris, 1808 - id., 1855). Obras principais: As Filhas do Fogo, Aurélia, As Quimeras. Foi o precursor de Baudelaire, de Mallarmé e do surrealismo; traduziu Fausto, de Goethe. Era sujeito a crises de demência; enforcou-se. (N.T., segundo o Dictionnaire Nouveau Petit Larousse Illustré.)
(ix) A Queda de um Anjo e Jocelyn: obras de Lamartine. (N.T., segundo o Dictionnaire Nouveau Petit Larousse Illustré.)
(x) Victor Hugo: escritor francês (Besançon, 1802 - Paris, 1885). Inicialmente foi um poeta clássico nas suas Odes, mas depois tornou-se o chefe do Romantismo com Cromwell, Os Orientais e Hernani. Publicou ainda: Nossa Senhora de Paris, Folhas de Outono, Cantos do Crepúsculo, As Vozes Interiores, Os Castigos, As Contemplações, A Lenda dos Séculos, Os Miseráveis e Os Trabalhadores do Mar, entre outras obras. É considerado o mais ilustre dos poetas franceses. A influência sobre a sua época, o número e a grandeza das suas obras e o papel político por ele desempenhado fizeram de Victor Hugo uma das maiores personalidades do século XIX. (N.T., segundo o D.K.L.)
(xi) Charles Baudelaire escritor francês (Paris, 1821 - id., 1867). Herdeiro do Romantismo e fiel à métrica tradicional exprimiu ao mesmo tempo a tragédia do destino humano e uma visão mística do Universo, onde descobriu misteriosas “correspondências”. Os seus poemas As Flores do Mal, Pequenos Poemas em Prosa e a sua obra crítica A Arte Romântica são a fonte da poesia moderna. (N.T., segundo o D.K.L.)
(xii) Rudyard Kipling: escritor inglês (Bombaim, Índia, 1865 - Londres, 1936). Escreveu poesias e romances, entre estes, Livros da Selva e Kim. Recebeu o Prémio Nobel em 1907. (N.T., segundo o D.K.L.)
(xiii) Selma Lagerlof: escritora sueca (Marbacka, 1858 - id., 1940). Autora de Saga de Gosta Berling. Recebeu o Prémio Nobel em 1909. (N.T., segundo o D.K.L.)


LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte IV – Literatura e oratória; A língua francesa e a ideia espiritualista, 14º fragmento da obra.
(imagem de contextualização: Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura de Leonardoda Vinci