sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Victor Hugo | uma chama de fogo a iluminar as idades

Um Discurso Palingenésico para Materialistas e Ateus ~

  Depois de um jantar oferecido por Victor Hugo a amigos seus, foi ele convidado a expor os seus pensamentos. Entre os comensais encontravam se ateus, agnósticos e materialistas, mas, apesar disto o poeta derramou o perfume poético e filosófico de suas ideias espirituais. Como sempre as suas asas de águia se abriram por cima de todos e de sua boca brotaram os mais excelsos conceitos, que foram reconhecidos pelo ilustre poeta Arsène Houssaye (i). O autor de Os Miseráveis respondeu assim ao convite:

 "Quem pode dizer-nos que eu não volte a encontrar-me nos séculos futuros? Shakespeare escreveu: 'A vida é um conto de fadas que se lê pela segunda vez'. Poderia ter dito pela milésima vez. Porque não há século pelo qual eu não veja passar a minha sombra.

  "Vós não acreditais nas personalidades moventes, quer dizer, nas reencarnações, com o pretexto de que não recordais nada das vossas existências passadas, mas como as lembranças dos séculos desvanecidos poderiam estar impressas em vós quando não vos recordais nada das mil e uma cenas de vossa vida presente? Desde 1802 hei-de ter tido em mim dez Victor Hugo! Creis vós que me lembro de todas as acções e de todos os seus pensamentos?

  "Quando houver atravessado o túmulo para voltar a encontrar outra luz, todos esses Victor Hugo me serão um pouco estranhos, mas esta será sempre a mesma alma!

  "Sinto em mim toda uma vida nova, toda uma vida futura; sou como a selva que muitas vezes foi derrubada; os jovens rebentos são cada vez mais fortes e vivazes. Eu subo, subo, subo até ao infinito. Tudo é radiante à minha frente, a terra me dá a sua seiva generosa, mas o céu me ilumina com o reflexo dos mundos entrevistos.

  "Dizeis vós que a alma é a expressão das forças corporais: por que então a minha alma é mais luminosa quando as forças corporais já me irão abandonar? O inverno está sobre a minha cabeça, a primavera está na minha alma; aspiro aqui nesta hora às lilases e às rosas como se tivesse vinte anos. À medida que me aproximo da velhice, melhor escuto à minha volta as imortais sinfonias dos mundos que me chamam. É maravilhoso e sensível. É um conto de fadas, mas é uma história.

  ''Faz meio século que escrevo o meu pensamento em prosa e em verso, história e filosofia, drama, novela, legenda, sátira, ode, canção; de tudo tenho tratado, mas sinto que não disse mais que a milionésima parte do que é meu. Quando estiver no túmulo poderei dizer, como tantos outros: ''terminei a minha jornada!" e não "terminei a minha vida". A minha jornada recomeçará no outro dia, de manhã. O túmulo não é um labirinto sem saída; é uma avenida, que se fecha no crepúsculo e volta a abrir-se pela aurora.

  "Se eu não perco um minuto é porque amo este mundo como a uma pátria, porque a verdade me atormenta, como atormentou Voltaire, esse deus humano. A minha obra não é mais do que um começo; o meu monumento apenas saiu da terra; quisera eu vê-lo subir ainda; subir sempre. A sede de infinito prova o infinito. Que dizeis vós, senhores ateus?

  "Escuta-me. O homem não é mais do que um exemplar de Deus infinitamente pequeno, a edição em 32 do in-fólio gigantesco, mas o mesmo livro. Glória inaudita para o homem! Eu sou o homem, eu, uma partícula invisível, uma gota no oceano, um grão de areia na praia. Contudo, pequeno que sou, sinto-me deus porque também desenvolvo o caos que está em mim. Eu faço livros – quer dizer, sonhos – que são os mundos. Oh! falo sem orgulho porque já não tenho mais vaidade que a formiga que edificou a Babilónia, nem vaidade como o menor dos pássaros, que canta no coro universal.

  "Eu não sou nada. Jaz aqui Victor Hugo, um abismo, um eco que passa, uma nuvem que foi, uma onda que morre na praia. Eu não sou nada, mas deixa-me continuar a minha obra começada; deixa-me subir de século em século a todas as rochas, todos os perigos, todos os amores, todas as paixões, todas as angústias. Quem vos disse que um dia, depois de milhares de ascensões, não haveria eu, como todos os homens de boa vontade, conquistado um posto de ministro no supremo conselho desse adorável tirano que se chama Deus''.

  Como vemos, Victor Hugo falou de personalidades moventes, quer dizer, de seres dinâmicos que, sobrepujando as trevas do sepulcro, avançam para o verdadeiro Ser, para a aquisição da soberana personalidade espiritual. Essas personalidades moventes assinaladas pelo poeta representam a evolução palingenésica do espírito que, como vemos, constitui a base da sua obra poética e filosófica.

  Reconhece-se ele mesmo uma série de Victor Hugo, que vem ascendendo através da história espiritual do Ser. A perene evolução do seu Espírito aproximou-o de Deus até vencer as trevas do nada e da morte. Esta catarse não foi experimentada por Jean-Paul Sartre e o existencialismo ateu que ele encabeça, pois só o Espírito como entidade palingenésica poderá dar ao homem moderno o verdadeiro existencialismo: a existência baseada nas vidas sucessivas da alma.

 Frente ao nada, Victor Hugo proclamou a vida eterna; frente ao túmulo, aceitou a revelação mediúnica dos Espíritos, cuja valorização filosófica e religiosa se encontra na obra ''O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.

 De facto, o poeta das grandes iluminações espirituais era espírita porque não pôde ser um espiritualista sem bases verdadeiras nem mediúnicas. Foi espírita porque comprovou que a morte não aniquila o homem, cujo espírito imortal e divino é quem rege os processos do mundo material. Sentiu a presença dos mortos como uma protecção e inspiração que eleva e transforma a condição humana. Repeliu o mundo estático e fixo para aceitar a filosofia da vida universal, concebendo que almas e mundos se enlaçam dialecticamente à causa da lei da reencarnação a que tudo está submetido.

  Victor Hugo foi o gigante da visões cósmicas, o poeta dos salmos e odes que igualaram as mais belas páginas dos profetas bíblicos. Tinha no seu espírito a poesia e o saber da filosofia espírita. Sentiu de forma ampla os postulados da ciência da alma em relação com a ciência do céu. Foi assim que compreendeu que o ser passa de um mundo ao outro mediante vidas e mortes sucessivas, para se transformar num colaborador do Plano Divino.

 Do pensamento filosófico e poético de Victor Hugo deduz-se que não haverá autêntico espiritualismo sem as bases mediúnicas do Espiritismo. Toda a verdadeira concepção espiritualista deverá assentar-se sobre a concepção revelada pelo génio espiritual e religioso do mundo invisível. Para o poeta, as manifestações mediúnicas não eram o resultado de sombras larvais, de resíduos psíquicos do ser nem de sedutores demónios. As manifestações, para Victor Hugo, eram mensagens dos mundos imateriais destinadas a penetrar a natureza humana para iluminá-la pelo amor e pela beleza.

  No seu país, outro génio poético das vidas sucessivas foi Alphonse de Lamartine, que cantou a concepção da reencarnação da alma. A história espiritual que anima os seus dois livros - A queda de um anjo Jocelyn - está entretecida pelo amor entre dois seres que se buscam através dos tempos. Lamartine, na sua obra Uma viagem ao Oriente, revela as reminiscências palingenésicas de passado distante. Disse assim num dos seus capítulos: "Quando visitei a Judeia, não tinha nas mãos nem a Bíblia nem mapas, nada que me servisse de indicação de lugares, sequer uma pessoa capaz de me dar o nome actual dos lugares nem o antigo dos vales e montanhas. Apesar disso, reconheci imediatamente o Vale de Terebinto e o campo de batalha de Saul. Quando fomos ao convento, os padres me confirmaram a exactidão de minhas previsões. Os meus companheiros ficaram admirados e apenas davam crédito a isso.

  "Em Sephora, designei com o dedo e mencionei pelo nome uma colina coroada por um castelo arruinado, como o provável lugar do nascimento de Maria. No dia seguinte, ao pé de uma montanha árida, reconheci o túmulo dos macabeus, no que disse a verdade sem o saber. Exceptuando os vales do Líbano, não tenho encontrado na Judeia um lugar, uma coisa que não fosse para mim como uma recordação.

  "Temos vivido, pois, duas vezes ou mil? A nossa memória não é quiçá mais que uma imagem adormecida, que o sopro de Deus faz reanimar" (ii). Victor Hugo e Alfonso de Lamartine coincidem nesta concepção palingenésica do ser. Ambos sentiam ''misteriosos estremecimentos'' ao encontrarem-se frente a ruínas antigas; percebiam como a sombra de "outra sombra" se projectava sobre o presente. De facto, estes génios da gaia ciência somente pela ideia da pré-existência das almas puderam alcançar tão alto nível lírico e religioso. Isto nos mostra que a criação poética voltará às suas verdadeiras fontes quando o poeta se reconhecer como um ser que nasce, morre e renasce. Em suma, a poesia palingenésica será o que despertará a alma encarnada do seu sono terreno e que lhe fará recordar as suas vidas anteriores entretecidas de misteriosas longitudes espirituais.

/...
(i) Suzanne Misset-Hopes: Presença de Victor Hugo, Ed Amoure Vie, Bugnolet (Sense,
França). N. do Autor.
(ii) Citado por Petit de Julleville em sua Histoire de la literature française, t. VII. N. do Autor.


Humberto MariottiVictor Hugo Espírita, UM DISCURSO PALINGENÉSICO PARA MATERIALISTAS E ATEUS, 9º fragmento desta obra.
(imagem de contextualização: Criança com uma boneca, pintura de Anne-Louis GIRODET-TRIOSON)

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

a pedra e o joio ~


A teoria corpuscular

Os artigos aqui reunidos constituem uma crítica espírita ao livro do Sr. Hernani Guimarães AndradeA Teoria Corpuscular do Espírito, louvado por diversos confrades, que o consideraram como verdadeiro acontecimento doutrinário do ano de 1961. Crítica espírita, e não apenas crítica, porque elaborada à luz dos princípios doutrinários, com a finalidade exclusiva de verificar o enquadramento ou não da teoria nesses princípios. Foram publicados na secção espírita do “Diário de São Paulo”.

O livro criticado é apenas o primeiro volume de uma série, cujo segundo volume já está em circulação há algum tempo. Alguns leitores poderão pensar que a nossa crítica é precipitada, que devíamos esperar a conclusão da série. Mas não é assim. Porque, nesse primeiro volume, o autor apresenta as bases da sua teoria corpuscular do espírito. Os demais volumes servirão somente para completar a exposição. A nossa crítica é formulada nos fundamentos da teoria, sendo válida, portanto, para toda a sua estrutura.

As intenções do Sr. Guimarães Andrade são boas. o seu desejo expresso é o de colaborar para que o Espiritismo se firme no meio científico. Não obstante, verá o leitor que a teoria corpuscular se propõe reformar a doutrina espírita e a substituí-la. Toda a codificação de Kardec é considerada como coisa do passado. Essa a razão que nos levou a examinar a teoria. Se ela, realmente, abrisse perspectivas novas para o Espiritismo, não teríamos dúvida em reconhecê-lo.

Deixemos bem claro este ponto. Em primeiro lugar, como o leitor verá no correr dos artigos, somos amigos pessoais do confrade Guimarães Andrade. Bater palmas a um amigo é um dever que se cumpre com alegria. Em segundo lugar, no Espiritismo não existem motivos de ordem sectária, eclesiástica, financeira, política, ou de qualquer outra espécie, que nos impeçam de reconhecer a verdade nos opositores, quanto mais nos colaboradores. Esta crítica não é ditada, pois, senão pela consciência das responsabilidades doutrinárias; consciência que, como sabem todos os espíritas, implica uma permanente atitude de vigilância e de defesa dos princípios do Espiritismo.

Kardec legou-nos a codificação há pouco mais de cem anos. De lá para cá, o mundo evoluiu rapidamente e os conhecimentos humanos alargaram-se de maneira espantosa. A vertigem do progresso atordoa os homens, e desse atordoamento não escapam os espíritas. Nada mais natural que o aparecimento, nos nossos dias, de tantas tentativas de reforma do Espiritismo. Entendendo que a codificação já foi ultrapassada pelo desenvolvimento das ciências, muitos confrades se esforçam em ajudá-la a recuperar o terreno perdido. As intenções, como vemos, são boas.

Acontece, porém, que o Espiritismo é uma doutrina do futuro e não do passado ou do presente. Como os Evangelhos, que depois de dois mil anos continuam a nos empurrar para a frente, a codificação está ainda muito longe de ter sido superada. Pelo contrário, somente agora as ciências estão dando os primeiros sinais de se aproximarem do Espiritismo. Dessa maneira, os confrades aflitos, que se esfalfam na dura tarefa de “actualizar o Espiritismo”, estão apenas equivocados.

No caso do confrade Guimarães Andrade o equívoco é tanto maior, quanto se trata de uma tentativa de enquadrar o Espiritismo na sistemática das ciências materialistas; praticamente, uma tentativa de prender a doutrina espírita numa gaiola de conceitos físicos, materiais. Os confrades que louvaram o livro fizeram-no por espírito fraterno, ou por não terem compreendido a teoria que nele se expõe. Tendo tido o cuidado de examinar a teoria, podemos oferecer a esses confrades uma contribuição sincera, para que melhor ponderem a respeito. Os que não aceitarem a nossa contribuição deverão pelo menos reexaminar o livro, com as suas próprias luzes, pois trata-se de grave problema que está surgindo no movimento espírita brasileiro.

Na verdade, esse problema não deveria tomar corpo, uma vez que a teoria corpuscular não oferece nenhuma consistência do ponto de vista científico. Mas, como o livro é escrito para o povo, e o povo nada conhece das questões científicas nele tratadas, o perigo é evidente. O Sr. Guimarães Andrade, apoiado ainda pelos confrades que o louvam na imprensa espírita, vai fazendo adeptos. Já está surgindo entre nós uma corrente de “espiritismo corpuscular”, que ao lado de outras correntes em desenvolvimento poderá completar a obra de enfraquecimento do movimento espírita brasileiro.

Para que o leitor possa bem avaliar o que isso representa, queremos lembrar a situação ridícula em que se colocaria um cidadão de poucas letras que se propusesse a discutir numa assembleia de letrados. O movimento espírita brasileiro ainda não dispõe de um corpo de sábios, de homens de ciência, capazes de enfrentar o problema doutrinário neste ou naquele campo das especializações científicas. Propormo-nos a apresentar uma teoria científica do espírito, sem as credenciais necessárias para isso, sem nos servirmos do aparato técnico indispensável, é simplesmente querermos provocar o riso.

A fragilidade da teoria corpuscular é evidente. A análise rápida que fizemos, em artigos de jornal, revela numerosas contradições. Que diríamos de uma análise mais profunda, realizada por especialistas dos vários ramos da ciência em que a teoria se apoia? Mesmo no plano filosófico, de nossa especialidade, a análise aprofundada da teoria seria desastrosa. O pouco que dissemos mostrará isso aos que tiverem “ouvidos de ouvir”. Mas um físico, um matemático, um biólogo, o que diriam, num exame aprofundado da teoria?

A nossa intenção não foi a de esmiuçar o livro, mas tão-somente a de mostrar as suas incongruências mais gritantes, e de fazê-lo, não no plano filosófico ou científico, mas no plano espírita. Escrevemos para o meio doutrinário. Mesmo porque o livro só interessa ao nosso meio. Fora dele, não terá repercussão. Não há nada, nessa tentativa de formulação teórica, que possa interessar aos homens de ciência. Dessa maneira, o livro só tem, na realidade, um sentido: o de lançar confusão no meio espírita e levá-lo a uma posição desairosa.

Não acusamos desse crime o confrade Guimarães Andrade. Pelo contrário, já dissemos que as suas intenções são boas. Mas o apóstolo Paulo exclamava, em Romanos, 7:24: “Não faço o bem que desejo; mas o mal que não quero, esse faço”. Se a Paulo aconteceu assim, depois da visão na Estrada de Damasco, não é demais que aconteça a nós, quando tentamos avançar além das nossas forças. A teoria corpuscular do espírito não faz o bem que o autor pretende, mas o mal que ele por certo não queria. Isso decorre, evidentemente, da fonte espiritual que o impulsiona nesse difícil caminho das formulações científicas. Seríamos felizes se o nosso trabalho servisse de advertência ao confrade, quanto aos perigos a que se expõe.

Depois da publicação dos nossos artigos, alguns confrades lançaram novos louvores à teoria e ao seu autor, às vezes sem nenhum propósito. Ao que parece, quiseram apenas oferecer-lhe o testemunho da sua solidariedade. Gesto nobre, sem dúvida, mas extemporâneo. Sim, pois não atacamos o confrade, nem quisemos diminuí-lo. Gostaríamos que esses companheiros, em vez de elogiarem com palavras retumbantes a nova teoria, ou de a defenderem com golpes de ironia, fizessem o que fizemos: uma análise objectiva da mesma. Porque, em matéria de ciência, não valem os louvores. Por mais que louvemos um trabalho errado, não o emendaremos.

Deixamos, pois, a nossa crítica nas mãos dos leitores desapaixonados, que não se empolgam facilmente com formulações de aparência brilhante. Oferecemo-la aos confrades conscientes da gravidade da hora que atravessamos e da seriedade do Espiritismo. Se estivermos errados, que nos revelem o nosso erro. Não teremos dúvida em voltar atrás. Será mesmo com alegria que nos penitenciaremos. Seria mil vezes preferível termos errado por excesso de zelo, na defesa da doutrina, a vermos confirmada a posição difícil do autor da teoria.

Para terminar, queremos lembrar que, na própria Psicologia, as teorias elementares ou atómicas já estão superadas. Wilhelm Dilthey, o grande filósofo e psicólogo alemão, reagindo contra as correntes elementaristas do século passado, dizia em seu livro O Mundo do Espírito, edição Aubier de 1947: “A vida psíquica é originalmente e sempre, de suas formas primárias até às mais elevadas, uma unidade. Não é feita de partes; não se compõe de elementos; não é uma composição; não é um resultado da junção de átomos sensíveis ou afectivos: é uma unidade primitiva e fundamental que se encontra em toda parte”.

Quando, na própria Psicologia, – que trata do espírito na sua manifestação no plano material, – se considera inadmissível a concepção atómica, derivada das ciências físicas, como admitirmos semelhante atitude no plano real do Espírito?

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José Herculano Pires – A Pedra e o Joio, Crítica à Teoria Corpuscular do Espírito. A teoria corpuscular, 10º fragmento desta obra.
(imagem de contextualização: As Colhedoras de Grãos, pintura a óleo por Jean-François Millet)