Introdução
A França,
de 1914 em diante, passou muitas horas de cruel angústia, à beira de muitos
abismos; porém, após 50 meses de lutas, de esforços e de sacrifícios, saiu
enaltecida da provação, aureolada pela vitória e regenerada pelo sofrimento.
Essa vitória,
sem dúvida, é devida ao apoio dos seus aliados, ao heroísmo de seus soldados e
à ciência e talento dos seus chefes, mas é devida, principalmente, ao poderoso
socorro recebido do Mundo Invisível, que nunca deixou de interferir a seu
favor. Esta é uma das faces pouco conhecidas desse imenso drama e para a qual
achamos necessário atrair a atenção de todos.
Através de
um excelente médium, cuja clarividência e lealdade estavam, para mim, acima de
qualquer suspeita, consegui acompanhar, durante mais de três anos, a influência
dos espíritos nos acontecimentos e observar os seus aspectos mais importantes.
Graças à
incorporação, os meus amigos espirituais, e entre eles um nobre espírito, me
comunicavam, de tempos a tempos, as suas opiniões sobre essa terrível guerra,
observada nos seus dois aspectos: o visível e o oculto.
Essas
comunicações levaram-me a escrever, nas datas indicadas, alguns artigos que se
acham reunidos neste volume. Juntei outros, inspirados pelas circunstâncias e
já publicados em várias revistas. O livro é concluído com uma série de páginas
ainda inéditas.
O objectivo
principal desses escritos é dirigir o pensamento francês para um espiritualismo
científico e elevado, para uma crença que coloque o nosso país à altura dos
sérios deveres e das nobres realizações que lhe cabem.
É
necessário que uma grande corrente idealista e um poderoso sopro moral varram as sombras, as dúvidas, as
incertezas que ainda existem sobre muitas inteligências e consciências, a fim
de que a luz das verdades eternas aclare os cérebros, aqueça os corações,
levando o conforto aos que sofrem.
A educação do povo precisa ser totalmente
modificada, para
que todos possam ter a noção dos deveres sociais, o sentimento das
responsabilidades individuais e colectivas e, principalmente, o conhecimento do
objectivo real da vida, que é o progresso, o aperfeiçoamento da alma, o aumento
das suas riquezas íntimas e ocultas.
Cabe,
afinal, uma íntima solidariedade
unindo os vivos e os mortos, para que as duas humanidades, a da Terra e a
do Espaço, cooperem na obra comum de aperfeiçoamento e de progresso.
Já falamos
anteriormente, em O Problema do Ser e do Destino, sobre a
acção dos poderes invisíveis na História, entretanto essa acção nunca se
manifestou com tamanho esplendor, como nos acontecimentos actuais, em favor do
direito e da justiça.
Seria
realmente lamentável que uma lição tão grave e tão solene se perdesse e que o
homem continuasse indiferente aos apelos e auxílios do Além. Pelo contrário,
eles devem provocar, em todos, o exame desse mundo invisível para o qual
iremos, cedo ou tarde, porque a morte é apenas uma passagem e os nossos
destinos são infinitos.
O pretérito
da França está pleno de brilhantes períodos e de páginas gloriosas, mas o seu
futuro se anuncia com maior brilho ainda, se ela iluminar a sua alma com o
sopro do espírito que anima os mundos. Se a França controlar e dirigir as
forças vivas, progressivas, provocadas pela guerra e que nela vibram,
conseguirá realizar obras que ultrapassarão, em poder e brilho, tudo quanto o
seu génio produziu até aos nossos dias.
/…
“Léon
Denis, que vivenciou um dos períodos mais conturbados da história francesa,
escrevia tendo como base as mensagens mediúnicas que lhe chegavam,
particularmente do médium cego, Sr.
G. C., que possuía a mediunidade da escrita mecânica.”
Altivo Carissimi Pamphiro
in O Mundo Invisível e a Guerra, 2ª Edição CELD 2001 Apresentação.
LÉON DENIS, O Mundo Invisível e a Guerra, Introdução 1º fragmento
da obra.
(imagem de ilustração: Tanque de guerra britânico
capturado pelos Alemães, durante a PRIMEIRA GUERRA
MUNDIAL)
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