domingo, 16 de fevereiro de 2014

a pedra e o joio ~

as normas de Kardec ~

  Mas o desenvolvimento dos princípios espíritas não pode ser feito de maneira arbitrária, pois no campo do conhecimento há leis de lógica e de logística que regem o processo cultural.

Kardec estabeleceu as normas que temos de observar para não cairmos nos enganos e nas ilusões tão comuns à nossa precipitação. Essas normas, elas mesmas, estão hoje a ser acrescidas de meios novos de verificação da realidade através da Ciência e da Filosofia. bom senso, como ensinou Allan Kardec, é o fio-de-prumo que nos garante a construção de um conhecimento mais amplo e mais rico, mas ao mesmo tempo mais preciso.

Usar do bom senso é o primeiro preceito da normativa de Kardec. Examinar com rigor a linguagem dos Espíritos comunicantes, submetê-los a testes de bom senso e conhecimento, verificar a relação de realidade dos conceitos por eles enunciados (relação do seu pensamento com os factos, as coisas e os seres), enquadrar os seus ensinos e revelações no contexto cultural da época, verificando o alcance abusivo ou não das afirmações mais audaciosas – eis os elementos que temos de observar no trato da mediunidade, se não quisermos cair em situações difíceis, a que fatalmente nos levariam espíritos imaginosos ou pseudo-sábios. E ao lado disso submeter tudo quanto possível à comprovação experimental, à pesquisa.

Bem sabemos que tudo isso requer espírito metódico, um fundo básico de conhecimentos gerais, capacidade normal de discernimento, superação da curiosidade doentia, controle rigoroso da ambição e da vaidade, equilíbrio do raciocínio, maturidade intelectual, critério científico de observação e pesquisa e firme decisão de não se deixar levar pelas aparências, aprofundando sempre o exame de todos os aspectos dos problemas e das circunstâncias. Sim, tudo isso é difícil, mas sem isso não faremos ciência e sem ciência não teremos Espiritismo. Se alguém notar que não dispõe dessas qualidades deve reconhecer-se inábil para a investigação espírita. É melhor aceitar com humildade as próprias limitações do que aventurar-se a realizações impossíveis.

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José Herculano Pires – A Pedra e o Joio, Crítica à Teoria Corpuscular do Espírito, As normas de Kardec, 3º fragmento.
(imagem de ilustração: As Colhedoras de Grãos, pintura a óleo por Jean-François Millet)

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