~ a tese das "materializações românticas" ~
Não se pense, porém, que o desprezo ficou no que dissemos.
Longe disso, ele foi e vai muito para além. Quando se trata de contradizer o
Espiritismo e de factos espíritas, tudo parece permitido aos homens de ciência
e aos homens de letras. Não há fronteiras para a imaginação, nem limites para o
raciocínio.
É assim que, ilustrando o volume com várias fotografias
espíritas, os autores reproduzem um quadro de Tissot e o comparam à
famosa fotografia da “cabeça materializada”, obtida por Notzing e
madame Bisson, com a médium Eva Carriere. Para
concluírem: “Antes da época dos flagrantes fotográficos, o grande pintor Tissot
nos mostrou o que acreditava ser a reencarnação de uma mulher amiga,
acompanhada do seu Espírito-guia; é uma bela pintura, onde ele reproduziu a
impressão de verdadeira beleza, recebida numa sessão espírita. Os métodos mais
rigorosos, que hoje se usam, já não permitem essas sublimações do testemunho
visual: as câmaras fotográficas mostram as coisas como elas se passam. E vemos
que essas figuras e rostos materializados começam pequenos e às vezes
desproporcionalmente. Quaisquer que possam ser essas figuras e faces achatadas
e amarfanhadas, não são, certamente, materializações em carne e sangue humano”.
Richet escreveu
o Traité sem aceitar a tese espírita, mas contudo jamais
cometeu a heresia de dizer que as materializações eram fantoches amarfanhados.
Encontramos no Traité essa mesma cabeça de que se servem os Wells e Huxley, mas
apresentada noutro sentido, ou seja, no bom e verdadeiro sentido que se lhe
deve dar: como uma das mais belas fotografias já obtidas, revelando e
documentando, de maneira insofismável, uma das fases do processo de
materialização. Não tivéssemos essa e outras fotografias obtidas por Notzing e
madame Bisson, e esses mesmos ilustres cavalheiros nos acusariam de não
havermos surpreendido mais uma das fases daquilo que chamamos “processo de
materialização”. Não teriam dúvidas em utilizar esse facto como argumento
“poderoso” contra a teoria da formação progressiva do fantasma, com a matéria
plástica do ectoplasma ou teleplasma.
Perguntaremos, porém, a esses ilustres divulgadores do
conhecimento, se não tiveram a oportunidade de ver outras fotografias, como a
médium Linda Gazzera,
constantes do seu livro Fotografias de Fantasmas, no qual elas
figuram, não através de clichês, mas nas próprias cópias fotográficas, para que
não haja dúvidas.
/…
José Herculano Pires, Espiritismo Dialéctico, A
tese das “materializações românticas”, 8º fragmento da obra.
(imagem de contextualização: Vi o caçador levantar o arco-íris,
pintura em acrílico de Costa
Brites)
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