A sobrevivência contra a evolução
Mas não fica nisso o desprezo dos autores pela dialéctica.
Depois desse gigantesco retrocesso histórico, afirmam eles, como se dissessem
uma novidade: “a morte do indivíduo é um dos métodos da vida” (que dúvida!). E
continuam: “Cada indivíduo é uma experiência biológica. Cada espécie progride
pela selecção, rejeição ou multiplicação dos indivíduos. Biologicamente, a vida
deixaria de continuar para diante, se os indivíduos não tivessem um fim e não
fossem substituídos por outros. A ideia da imortalidade individual é
absolutamente contrária à ideia da evolução contínua”.
E logo mais, numa dessas passagens que se repetem de boca em
boca e de livro em livro, enquanto alguém não pede, como Sócrates, a definição do
seu verdadeiro sentido: “São os jovens e, não os velhos, os que desejam a
imortalidade pessoal.”
É pena que não mencionem a fonte desse espantoso dado
estatístico, pois gostaríamos de confrontá-lo com o número de mocidades
espíritas, católicas, protestantes, teosofistas e, dos muitos outros jovens
espiritualistas não filiados em nenhuma seita, por que estranho motivo não
deixam o terreno exclusivamente aos velhos, monopolizadores modernos da velha
aspiração humana da sobrevivência.
Dizer, além disso, que a imortalidade individual é contrária
à evolução contínua, é “fazer de conta” que essa imortalidade seja biológica.
Ora, absurdo dessa monta ninguém poderia aceitar. Como, pois,
interpretar-se a atitude desses homens habituados a lidar com as coisas do
pensamento, a acompanhar e divulgar os conhecimentos científicos, senão pelo
desprezo à dialéctica?
/…
José Herculano Pires, Espiritismo Dialéctico – A
sobrevivência contra a evolução, 7º fragmento da obra.
(imagem de contextualização: Vi o caçador levantar o
arco-íris, pintura em acrílico de Costa Brites)
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