II – Cenas do Espaço. Visões Reais da Guerra e da
Epopeia (II)
|Janeiro de 1915|
Acima de nossas linhas, inúmeras assembleias se realizam e
aqueles que as compõem são nomes ilustres que, reunidos, resumem toda a glória
dos séculos e toda história da França. Ali está Henrique IV junto a Napoleão;
Vercingétorix encontra-se com os capitães de Carlos VII, os generais de Luís XIV e os da Revolução: todos os heróis das nossas lutas do passado e os
libertadores da pátria.
Ali também vemos vários chefes ingleses, pois toda a
inimizade se extinguiu, existindo em todos esses espíritos um só pensamento e
um sentimento único.
Todos têm, por Joana, igual respeito e
ninguém lhe toma a dianteira, discutindo-se gravemente os meios de ataque e os
procedimentos necessários para essa guerra de trincheiras.
Sobre essa assembleia paira o pensamento de Deus e quando o
nobre espírito que a preside abre a sessão, invocando o nome do Pai, todos se
inclinam respeitosamente.
Se, para muitos, a França se tornou descrente, ímpia e
entregue a todas as correntes do materialismo e da sensualidade, pelo menos no
meio desse supremo conselho, onde se acham reunidos os seus mentores
invisíveis, impera uma fé ardente. Talvez seja por essa razão que diminuem, até
certo ponto, as provações e os horríveis castigos que ela mereceu.
As resoluções que nessa assembleia sejam tomadas serão
transmitidas, por intuição e inspiração, aos
generais que tenham a missão de executá-las. Para esse fim, cada um dos
espíritos presentes a esses conselhos escolherá, dentre os nossos comandantes,
aqueles cuja natureza psíquica melhor se harmonize com a sua própria e, por
meio de uma vontade persistente, os inspirará no sentido do que ficou
resolvido.
Sobre os soldados a influência dos espíritos se exercerá de
modo diverso: eles terão por mira, principalmente, acrescentar ao ardor e à
veemência, que são qualidades naturais da raça, a perseverança e a tenacidade
na luta, tão necessárias no momento actual e que, às vezes, nos faltaram.
Por tudo isso se demonstra que as almas dos mortos não são
entidades vagas, indefinidas, como alguns acreditam, pois, atingindo as altas
camadas da hierarquia espiritual, elas se convertem em poderes notáveis, em
centros de actividades e de vida capazes de exercer a sua acção sobre a
humanidade terrestre.
Pela sugestão magnética, podem influir sobre aquele que
escolheram, fazendo nele germinar a ideia matriz e incitá-lo ao acto decisivo
que vai coroar a sua obra.
É dessa forma que os invisíveis se envolvem nos actos dos
vivos, para a concretização do bem e o cumprimento da justiça eterna.
/…
LÉON DENIS, O Mundo Invisível e a Guerra, II –
Cenas do Espaço, Visões Reais da Guerra e da Epopeia (2 de 3) 4º fragmento da
obra.
(imagem de contextualização: Tanque de guerra
britânico capturado pelos Alemães, durante a Primeira Guerra
Mundial)
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