segunda-feira, 26 de março de 2018

murmúrio das paixões ~

Quando aplicamos o ouvido ao que se passa no fundo do nosso ser, ouvimos como que o ruído de águas ocultas e tumultuosas, o fluxo e refluxo do mar agitado da personalidade que os vendavais da cólera, do egoísmo e do orgulho encapelam. São as vozes da matéria, os chamamentos das baixas regiões, que nos atraem e influenciam ainda as nossas acções; mas podemos dominar essas influências com a vontade, podemos impor silêncio a essas vozes. Quando em nós se faz a bonança, quando o murmúrio das paixões se aplaca, eleva-se então a voz potente do Espírito Infinito, o cântico da vida eterna, cuja harmonia enche a Imensidade. E quanto mais o Espírito se eleva, purifica e ilustra, tanto mais o seu organismo fluídico se torna acessível às vibrações, às vozes, ao influxo do Alto.




LÉON DENIS, O Problema do Ser, do Destino e da Dor,  IX – Evolução e finalidade da alma, fragmento.
(imagem: Biblis 1884, pintura de William-Adolphe Bouguereau)

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