II – Cenas do Espaço. Visões Reais da Guerra e
da Epopeia (III)
|Janeiro de 1915|
Breve soará, qual jubilosa marcha militar, a hora da
vitória. Toda a França está de pé: a do presente e a do passado, a dos vivos e
a dos mortos!
As forças invisíveis e divinas estão em acção porque a luta
que se trava é grande e sacrossanta. É a luta da liberdade, do direito e da
justiça contra a brutalidade armada e o despotismo cínico e grosseiro. Por isso
a França não pode ser derrotada, pois a causa que defende é a da humanidade. A
vitória da Alemanha seria o retrocesso da consciência, a apoteose de todos os
crimes. Deus não o permitirá!
Por muitas vezes, no decorrer dos séculos, a França foi
campeã das ideias humanitárias, oferecendo o seu ouro e o seu sangue na defesa
dos fracos e a libertação dos oprimidos. Eis por que as suas mais estrondosas
derrotas foram sempre seguidas de um rápido reerguer.
Não obstante os seus erros e as suas faltas, a França é
necessária para a ordem do mundo.
Mais do que qualquer outro país, em todas as esferas, sempre
serviu ao ideal, chegando inclusive ao sacrifício, porque o seu papel é humanitário.
Graças à clareza da sua língua e à lucidez do seu espírito,
os princípios que defende penetram mais profundamente nas inteligências e nos
corações, e todos os povos hauriram nela como numa inesgotável fonte.
No futuro, a sua influência ainda será maior, pois do seu
seio surgirão missionários que irradiarão o Espiritismo sobre toda a Terra.
Poder-se-ia afirmar que a França é mulher, pois que
sintetiza a beleza e a verdade, razão porque paira uma alma feminina acima dos
seus espíritos protectores.
A ajuda de Joana d’Arc dará um
verdadeiro rumo aos factos e restituirá à França a consciência do seu papel e
do seu destino grandioso.
Com o aparecimento da Virgem Lorena, os
espíritos que nos protegem sentiram aumentar a sua confiança, a sua certeza na
vitória.
Inúmeros exércitos foram preparados e chegará o dia em
que Joana estará
à frente deles e, embora invisível, os nossos soldados experimentarão a
sensação da sua presença e ela lhes transmitirá a coragem que a envolve.
Numa decisão viril, desafiando o fogo e a metralha, os
soldados franceses marcharão, com conhecimento de causa, contra o inimigo. E o
vento que sopra sobre as planícies da Flandres, na floresta dos Vosges, fará
flutuar, novamente, as nossas bandeiras vitoriosas.
Os franceses escreverão, com o seu próprio sangue, as
páginas mais gloriosas da nossa história.
/…
LÉON DENIS, O Mundo Invisível e a Guerra, II –
Cenas do Espaço, Visões Reais da Guerra e da Epopeia (3 de 3), 5º fragmento da
obra.
(imagem de contextualização: Tanque de guerra
britânico capturado pelos Alemães, durante a Primeira Guerra
Mundial)
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