quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

apóstolos de verdade ~


Viva José Herculano Pires! 

Este ano faz precisamente trinta anos que desencarnou José Herculano Pires, um dos maiores vultos do Espiritismo do Brasil. Sim, foi, precisamente, na noite do dia 9 de Março de 1979, que a sua alma gloriosa de grande missionário, defensor da pureza doutrinária do Espiritismo e consolidador da Doutrina Espírita em terras brasileiras, regressou à Pátria Espiritual. Foi com justa razão que Jorge Rizzini, o seu biógrafo, viu em sua pessoa um “Apóstolo de Allan Kardec”, com o que concordamos plenamente. 

José Herculano Pires nasceu na antiga Província do Rio Novo, que é hoje a bela cidade de Avaré, no interior do Estado de São Paulo, no dia 25 de Setembro de 1914. Era o filho primogénito de José Pires Correa casado com Bonina Amaral Simonetti Pires, que lhe deu sete filhos. O seu pai, inicialmente, era farmacêutico, mas abandonou a profissão para se tornar um dos mais brilhantes jornalistas do interior de São Paulo. A sua mãe foi uma distinta pianista de Avaré. 

Herculano Pires pertencia a uma tradicional família católica da classe média e, na infância, teve sérios problemas de saúde. 

A sua faculdade como médium vidente, começou a manifestar-se quando ele era ainda menino. Tinha visões reais de Espíritos andando de noite pela casa. 

Em 1920 a sua família transferiu-se para a cidade de Itaí e depois para Cerqueira César, voltando, logo em seguida, para Avaré, onde foi matriculado na Escola de Comércio, fundada e dirigida pelo Professor Jonas Alves de Almeida. 

Na adolescência, Herculano Pires foi aprendiz de tipógrafo e aluno do erudito Professor Pedro Solano de Abreu, e, durante dois anos, de 1927 a 1929, trabalhou com seu pai, na Gráfica Casa Ipiranga que o Sr. Pires Correa fundara em Cerqueira César, onde residia com a família e onde lançou o primeiro jornal político, um semanário em forma de tablóide, que recebeu o título de “O Porvir”. Herculano Pires foi o seu tipógrafo auxiliar e, nesse órgão da imprensa, publicou os seus primeiros versos e variados contos. 

Herculano Pires, além de poeta e jornalista, foi também professor e grande escritor. 

Desde a adolescência interessou-se muito pelo estudo de temas filosóficos. Deixou então o Catolicismo e, por influência de um parente próximo, Sr. Francisco Correa de Mello, tornou-se teosofista, passando a estudar a fundo os principais livros dessa filosofia, principalmente os de Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica Mas, pouco depois veio a desilusão, porque verificou que a Teosofia lhe apresentou certas explicações que lhe pareciam absurdas. 

Estava então propenso a se entregar ao Materialismo marxista, quando, certo dia, em 1936, encontrando-se com um amigo, que era espírita e fiel discípulo de Allan Kardecfoi por ele desafiado a ler “O Livro dos Espíritos”. Muito a contragosto, aceitou o desafio. Leu e gostou. Gostou tanto que se tornou espírita convicto, levado pelo raciocínio e pela lógica indestrutível que encontrou no Missionário lionês, em quem o astrónomo francês, Camille Flammarion, viu o bom senso encarnado. 

Para Herculano Pires, ser espírita “significa viver o Espiritismo; transformar os princípios doutrinários em norma viva de conduta, para todos os instantes da nossa curta existência na Terra; é praticar o Espiritismo, não apenas no recinto dos Centros ou no convívio dos confrades, mas, em toda a parte: na rua, no trabalho, no lar, na solidão dos próprios pensamentos”. 

Tornou-se conferencista eloquente e muito solicitado pelos presidentes de centros espíritas. Num deles, situado na cidade de Ipauçu, encontrou, certa vez, a bela jovem Maria Virgínia de Anhaia Ferraz, também espírita, por quem se apaixonou e com quem veio a casar-se no dia 11 de Dezembro de 1938, numa cerimónia apenas civil, em casa da noiva. 

Herculano Pires foi um grande polemista, tendo mantido discussões acaloradas com pastores protestantes e sacerdotes católicos e até mesmo com muitos confrades espíritas defensores da obra “Os Quatro Evangelhos” de Jean-Baptiste Roustaing, publicada em Bordéus, em Maio de 1866. Ele não era de cruzar os braços diante das mistificações e abusos praticados no meio espírita, como acontece hoje. 

Ao grande Mestre as nossas sinceras homenagens de admiração e respeito. 

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Erasto de Carvalho Prestes, in O Franco Paladino, Maio de 2009 / Órgão de divulgação do Espiritismo codificado pelo Mestre Allan Kardec – Viva José Herculano Pires!, 1º fragmento solto da obra. 
(imagem de contextualização: São Luís com a coroa de espinhos, desenho de Alexandre Cabanel)

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