aumento ou diminuição | do volume da Terra
O volume da Terra aumenta, diminui ou está estacionado?
A favor do aumento de volume da Terra, algumas pessoas se baseiam no facto das plantas darem ao solo mais do que dele retiram, o que é
verdade num sentido e não noutro. As plantas alimentam-se tanto e até mais das
substâncias gasosas que vão buscar à atmosfera e das que aspiram pelas raízes;
ora, a atmosfera faz parte integrante do globo; os gases que a constituem
provêm da decomposição dos corpos sólidos e estes, ao recomporem-se,
retomam-lhes o que lhe tinham dado. É uma troca ou, melhor, uma troca perpétua,
de tal modo que o crescimento dos vegetais e dos animais, operando-se com a
ajuda dos elementos constituintes do globo, os seus detritos, por consideráveis
que sejam, não acrescentam um átomo à massa. Se a parte sólida do globo
aumentasse por esse motivo de forma permanente, seria à custa da
atmosfera que diminuiria outro tanto, acabando por se tornar imprópria para
a vida se não recuperasse, pela decomposição dos corpos sólidos, o que perde na
sua composição.
Na origem da Terra, as primeira camadas geológicas formaram-se com matérias
sólidas momentaneamente volatilizadas por efeito da elevada temperatura e que
mais tarde, condensadas pelo arrefecimento, se precipitaram. Elevaram
incontestavelmente um pouco à superfície do globo, mas sem nada acrescentar à
massa total, dado não ser mais do que uma deslocação da matéria. Quando a
atmosfera, purificada dos elementos estranhos que detinha em suspensão, se encontrou
no seu estado normal, as coisas seguiram o curso regular que passaram depois a
ter. Hoje, a mais pequena modificação na constituição da atmosfera traria
forçosamente a destruição dos habitantes actuais; mas provavelmente também se
formariam novas raças noutras condições.
Considerada sob este ponto de vista, a massa do globo, quer dizer, a soma das
moléculas que compõem o conjunto das suas partes sólidas, líquidas e gasosas, é
incontestavelmente a mesma desde a sua origem; se sofresse uma dilatação ou uma
condensação, o seu volume aumentaria ou diminuiria, sem que a massa sofresse
qualquer alteração. Se portanto a Terra aumentasse de massa, seria por efeito
de uma causa estranha, dado que não poderia ir buscar a si mesma os elementos
necessários ao seu aumento.
Há uma opinião segundo a qual o globo aumentaria de massa e de volume através
do afluxo de matéria cósmica interplanetária. Esta ideia não tem nada de
irracional, mas é demasiado hipotética para ser admitida como princípio. Não
passa de uma teoria combatida por teorias contrárias sobre as quais a ciência
não está de modo nenhum fixada. Aqui está, a este respeito, a opinião do
Espírito eminente que ditou os sábios estudos uranográficos relatados
acima, no Capítulo VI:
«Os mundos esgotam-se, envelhecendo, e tendem a dissolver-se para servirem
de elementos de formação a outros universos. Entregam a pouco e pouco ao fluído
cósmico universal do espaço o que lhe retiraram para se formarem. Além
disso, todos os corpos se gastam pela fricção; o movimento rápido e constante
do globo através do fluído cósmico tem como efeito diminuir constantemente a
massa, apesar de em quantidade desprezível, num tempo determinado. (*)
»A existência dos mundos pode, na minha opinião, dividir-se em
três períodos: primeiro período – condensação da matéria durante a qual o
volume do globo diminui consideravelmente, permanecendo a massa igual; é o
período da infância. Segundo período – contracção, solidificação da crosta;
eclosão de germes, desenvolvimento da vida até ao aparecimento do tipo mais
perfectível. Neste momento, o globo está em toda a sua plenitude, é a idade da
virilidade; perde, mas muito pouco, os seus elementos constituintes. À
medida que os seus habitantes progridem espiritualmente, passa ao período de
decrescimento material; perde não só devido à fricção mas também pela
desagregação das moléculas, como uma pedra dura que, roída pelo tempo, acaba
por se transformar em poeira. No seu duplo movimento de rotação e de
translação, deixa no espaço parcelas fluídicas da sua substância até ao momento
em que a sua dissolução seja completa.
»Mas então, como a força de atracção está na razão da massa, não digo volume,
diminuindo a massa do globo, as suas condições de equilíbrio no espaço
modificam-se; dominado por globos mais poderosos que não pode enfrentar, sofre
por isso desvios nos seus movimentos e, como consequência, também profundas
alterações nas condições de vida à superfície. Assim: nascimento, vida e morte;
ou infância, virilidade e decrepitude, são estas as três fases por que passa
toda a aglomeração de matéria orgânica ou inorgânica; só o Espírito,
que não é de modo nenhum matéria, é indestrutível.»
GALILEU, Sociedade Espírita de Paris /1868
/...
(*) No seu movimento de translação à volta do Sol, a velocidade da Terra é
de 400 léguas por minuto. Sendo a sua circunferência de 9000 léguas, no seu
movimento de rotação sobre o eixo, cada ponto do equador percorre 9000 léguas
em 24 horas ou 6,3 léguas por minuto. (N. do A.)
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as
Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo IX, REVOLUÇÕES DO GLOBO – Aumento ou
diminuição do volume da Terra, tradução portuguesa de Maria Manuel Tinoco,
Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Zaratustra e Ptolomeu, pormenor d'A
escola de Atenas de Rafael
Sanzio /1509)
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