segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Comunicação de Galileu ~

aumento ou diminuição | do volume da Terra

O volume da Terra aumenta, diminui ou está estacionado?

A favor do aumento de volume da Terra, algumas pessoas se baseiam no facto das plantas darem ao solo mais do que dele retiram, o que é verdade num sentido e não noutro. As plantas alimentam-se tanto e até mais das substâncias gasosas que vão buscar à atmosfera e das que aspiram pelas raízes; ora, a atmosfera faz parte integrante do globo; os gases que a constituem provêm da decomposição dos corpos sólidos e estes, ao recomporem-se, retomam-lhes o que lhe tinham dado. É uma troca ou, melhor, uma troca perpétua, de tal modo que o crescimento dos vegetais e dos animais, operando-se com a ajuda dos elementos constituintes do globo, os seus detritos, por consideráveis que sejam, não acrescentam um átomo à massa. Se a parte sólida do globo aumentasse por esse motivo de forma permanente, seria à custa da atmosfera que diminuiria outro tanto, acabando por se tornar imprópria para a vida se não recuperasse, pela decomposição dos corpos sólidos, o que perde na sua composição.

Na origem da Terra, as primeira camadas geológicas formaram-se com matérias sólidas momentaneamente volatilizadas por efeito da elevada temperatura e que mais tarde, condensadas pelo arrefecimento, se precipitaram. Elevaram incontestavelmente um pouco à superfície do globo, mas sem nada acrescentar à massa total, dado não ser mais do que uma deslocação da matéria. Quando a atmosfera, purificada dos elementos estranhos que detinha em suspensão, se encontrou no seu estado normal, as coisas seguiram o curso regular que passaram depois a ter. Hoje, a mais pequena modificação na constituição da atmosfera traria forçosamente a destruição dos habitantes actuais; mas provavelmente também se formariam novas raças noutras condições.

Considerada sob este ponto de vista, a massa do globo, quer dizer, a soma das moléculas que compõem o conjunto das suas partes sólidas, líquidas e gasosas, é incontestavelmente a mesma desde a sua origem; se sofresse uma dilatação ou uma condensação, o seu volume aumentaria ou diminuiria, sem que a massa sofresse qualquer alteração. Se portanto a Terra aumentasse de massa, seria por efeito de uma causa estranha, dado que não poderia ir buscar a si mesma os elementos necessários ao seu aumento.

Há uma opinião segundo a qual o globo aumentaria de massa e de volume através do afluxo de matéria cósmica interplanetária. Esta ideia não tem nada de irracional, mas é demasiado hipotética para ser admitida como princípio. Não passa de uma teoria combatida por teorias contrárias sobre as quais a ciência não está de modo nenhum fixada. Aqui está, a este respeito, a opinião do Espírito eminente que ditou os sábios estudos uranográficos relatados acima, no Capítulo VI:


«Os mundos esgotam-se, envelhecendo, e tendem a dissolver-se para servirem de elementos de formação a outros universos. Entregam a pouco e pouco ao fluído cósmico universal do espaço o que lhe retiraram para se formarem. Além disso, todos os corpos se gastam pela fricção; o movimento rápido e constante do globo através do fluído cósmico tem como efeito diminuir constantemente a massa, apesar de em quantidade desprezível, num tempo determinado. (*)

»A existência dos mundos pode, na minha opinião, dividir-se em três períodos: primeiro período – condensação da matéria durante a qual o volume do globo diminui consideravelmente, permanecendo a massa igual; é o período da infância. Segundo período – contracção, solidificação da crosta; eclosão de germes, desenvolvimento da vida até ao aparecimento do tipo mais perfectível. Neste momento, o globo está em toda a sua plenitude, é a idade da virilidade; perde, mas muito pouco, os seus elementos constituintes. À medida que os seus habitantes progridem espiritualmente, passa ao período de decrescimento material; perde não só devido à fricção mas também pela desagregação das moléculas, como uma pedra dura que, roída pelo tempo, acaba por se transformar em poeira. No seu duplo movimento de rotação e de translação, deixa no espaço parcelas fluídicas da sua substância até ao momento em que a sua dissolução seja completa.

»Mas então, como a força de atracção está na razão da massa, não digo volume, diminuindo a massa do globo, as suas condições de equilíbrio no espaço modificam-se; dominado por globos mais poderosos que não pode enfrentar, sofre por isso desvios nos seus movimentos e, como consequência, também profundas alterações nas condições de vida à superfície. Assim: nascimento, vida e morte; ou infância, virilidade e decrepitude, são estas as três fases por que passa toda a aglomeração de matéria orgânica ou inorgânica; só o Espírito, que não é de modo nenhum matéria, é indestrutível

                                                                                                 
                                                                GALILEU, Sociedade Espírita de Paris /1868

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(*) No seu movimento de translação à volta do Sol, a velocidade da Terra é de 400 léguas por minuto. Sendo a sua circunferência de 9000 léguas, no seu movimento de rotação sobre o eixo, cada ponto do equador percorre 9000 léguas em 24 horas ou 6,3 léguas por minuto. (N. do A.)





ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo IX, REVOLUÇÕES DO GLOBO – Aumento ou diminuição do volume da Terra, tradução portuguesa de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Zaratustra e Ptolomeu, pormenor d'A escola de Atenas de Rafael Sanzio /1509)

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