sábado, 7 de junho de 2014

pensamento e vontade ~

imagens consecutivas ~~

Quando frequentemente repetida, a sensação adquire vivacidade excepcional, de modo a persistir, por vezes longamente, depois de extinta a causa geradora.

Mais, ainda: essa sensação pode renascer com toda a vivacidade, de uma sensação propriamente dita.

Newton, por um esforço da vontade, conseguia reproduzir a imagem consecutiva do disco solar, depois de interromper de algumas semanas as suas observações astronómicas.

Binet cita o caso do professor Pouchet, microbiologista que, perlustrando as ruas de Paris, viu, de repente, surgir diante dele as imagens das suas culturas microscópicas, a se justaporem aos objectos exteriores. Essas visões lhe surgiram espontânea e independentemente de qualquer associação de ideias.

As alucinações dessa natureza apresentam nitidez característica e tal é a intensidade das imagens consecutivas, que poderiam ser projectadas sobre uma tela, ou sobre uma folha de papel, a fim de se lhes traçarem depois, a lápis, os contornos.

O Dr. Binet adverte que essa revivescência da imagem, muito tempo depois de extinta a sensação excitativa, exclui absolutamente a hipótese de ser a imagem consecutiva guardada na retina.

Se, pois, a conclusão é que ela se conserva no cérebro, o seu renascimento não implica, consequentemente, a actividade dos “pequenos cones” e “bastonetes” da retina.Tais são as modalidades pelas quais se efectuam as imagens consecutivas.

Repito que, se as quisermos encarar separadamente, elas não oferecem uma base indutiva, de molde a concluir pela existência, nelas, de algo objectivo.

Todavia, como as nossas pesquisas, das quais vou amplamente tratar, levam a admitir que as imagens, em geral, consistem em projecções exteriorizadas do pensamento, não há razão para deixar de concluir no mesmo sentido, com relação às imagens consecutivas.

O facto de ser intensa a sua vivacidade, a ponto de podermos fixá-las numa folha de papel e traçar-lhe a lápis os contornos, é de si mesmo bastante significativo, no sentido por mim apontado.

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Ernesto BozzanoPensamento e Vontade – Imagens consecutivas, 3º fragmento da obra.
(imagem de contextualização: A Female Saint_1941, pintura de Edgar Maxence)

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